sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A POESIA DE RÉGIS BONVICINO INSURGE, EM ESTADO CRÍTICO.

       Parece surrealismo, mas não é. Parece concreto, também não é. É poesia, no modo aristotélico de pensar o fazer poético. O poeta como fazedor, fazendo o que faz...Poesia.

       Se o século XX sobreviveu com as idéias filosóficas do século IXX, romântico e utópico, o século XXI ainda não existe nas artes. O músico esteta Karlheinz Stockhausen  afirmou, que a "a maior obra de arte" do século passado foi o atentado ao World Trade Center, em 11/09 de 2001.

      Talvez por seus estudos e polêmicas envolvendo questões históricas de formas poéticas e literárias, Régis Bonvicino desvencilha-se da crise geral da contemporaneidade na poesia para chegar ao estilo melhor definido, em Estado Crítico.
A imagem Fellaheen-II de Raoul Sentenat na capa de Marcos Cartum, na contracapa texto de Charles Bernstein, que no final afirma: "Os poemas de Estado Crítico são requintados, oblíquos e estranhamente prescientes em sua luta feroz com a vida".
     
         Não que tenha abandonado as experimentações iniciadas em Bicho-Papel, das publicações de Poesia em Greve, Qorpo Estranho, Muda - atualmente co-edita a revista eletrônica Sibila - e as incluídas na coletânea de sua obra ATÉ AGORA.

       O perigo da poesia, segue questionando. Implicando o leitor ao risco. Entre cortes, sugestões, distanciamentos, superações, sínteses. Metonímias atomizadas.

        Em Tempus_Fugit - com sua leitura completa em vídeo disponível no youtube e páginas de poesia circulando pela internet  diz:

               O Face
               é muito mais que um videoteipe
               é o arquivo do presente
               é um avião não tripulado
               uma abelha macho despejando mísseis

      Um cerco poético à "realidade" ao "arquivo do presente" droner imaginário tão perigoso como uma "abelha macho despejando mísseis" - um ataque inesperado com a arma da palavra para existir e conclui:

               O Face
               trafica pétalas
               No face, só há amigos
               A vida
               não chega aos pés do Face.
                                       
      A rede social também pode ser plataforma da poesia crítica. Antiutopia necessária para a sobrevivência em um mundo que simultaneamente dissolve o que produz, o mundo virtual. Nunca a poesia (e sua busca permanente) foi tão necessária e tão rara nesse regime de excesso de poemas e poetas.

      Nesse combate declarado, o duelo da poesia é com a crítica, ausente da maioria dos textos veiculados, apenas carregados de declarações, confissões pessoais, desejos contidos, neuroses expostas, etcs... Uma luta desesperada de sobrevivência diante do desfile contínuo de mascaras e disfarces, nessa arena em que a poesia se condensa no expresso das formas diluídas. E, faz o papel da crítica. Propõe e dispõe sua síntese, oculta e revela o que é, rompendo e formulando novidades.

      Há uma vaga rodrigueana, um trágico olhar sutil em suas investidas no discurso dilacerado da realidade. Uma ruptura americana antiimperialista, antropofágica, com cortes cinematográficos na frase. Propõe um novo olhar pela América Latina (além de populismos e stalinismos), pela China contemporizada pelo Ocidente (ideograma, ás avessas ?), a América e suas lixeiras expostas. Depois da festa, depois do bombardeio, sugere um tchau à velha Europa.
   
      Parece coca-cola, mas não é. Parece livro, parece passado, não é. Parece lúdico, parece candy crush, não é.

      É a poesia do porvir.

 THAELMAN CARLOS.

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